Edição 31 - Ciências: Experiências de Física, Química e Geociências de dixar o cabelo em pé


Projeto Piloto de Prevenção às Drogas capacita professores e forma multiplicadores de opinião

Por Cláudia Sanches

“Professora, o que é droga? Se a cocaína, o álcool e o tabaco são tão ruins, por que tanta gente usa?” Quantas vezes a pedagoga Islei Salloker Belsoff, coordenadora da 9.a CRE, em Campo Grande, e seus colegas de trabalho foram surpreendidos com perguntas as quais não souberam responder. Falar sobre droga na escola é o grande desafio do educador brasileiro, que não tem mais como ignorar o problema. Mas como trabalhar um tema tão complicado, já que os professores não estão preparados.

Para tratar temas complexos como droga e sexualidade, surgiu na Escola Municipal João Proença, em Campo Grande, um projeto piloto que trabalha com Núcleo de Adolescentes. O projeto, parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e a Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química (SEPDQ), tem a preocupação de capacitar os profissionais da educação e de formar alunos multiplicadores de opinião. A proposta é instrumentalizar os jovens para que ajudem a sociedade no trabalho de prevenção à dependência de drogas.

Os estudantes são selecionados e preparados para realizar oficinas temáticas, peças teatrais, jograis, apresentações de dança entre outras produções que envolvem o núcleo de artes, os pólos desportivos, aulas de canto, oficinas de fotografia, empreendedorismo, entre outras atividades que contribuem direta e indiretamente para a conscientização do aluno no exercício da cidadania. Durante as apresentações da oficina temática, os alunos têm oportunidade de relatar as experiências vividas na família e na comunidade onde moram.

“A idéia é que, através da produção e da informação, os alunos melhorem a sua auto-estima e comecem a perceber como são importantes na disseminação desse trabalho. Eles se surpreendem com eles mesmos: “Eu sou capaz de fazer isso”, referindo-se aos trabalhos e aos encontros que realizam.

O projeto dos núcleos começou em 1994, mas, desde que foi criada, a SEPDQ começou a sistematizar os encontros e dá assessoria na capacitação dos professores. “Eu fui achando que ia ensinar e acabei aprendendo muito mais, relata a pedagoga”, que se especializou em Prevenção à Dependência Química através da SEPDQ.

Prevenção Primária: fazer algo antes que aconteça
A Secretaria de Prevenção trabalha nas escolas os chamados “fatores protetores”. Segundo a pedagoga Glória Antonieta Macedo, que é um elo entre a SEPDQ e a Secretaria Municipal de Educação (SME), nas escolas trabalha-se com a chamada prevenção primária. A idéia é fazer com que a criança ou o adolescente tenha um projeto de vida. A secretaria tem ações voltadas para os chamados “fatores de proteção”, que são estímulos para que os jovens tenham oportunidade de fazer outras escolhas. Para isso, o órgão também oferece recursos para os professores e profissionais de educação.

Os educadores são orientados a trabalhar com uma linguagem diversificada e estimulante, como a música, a expressão corporal e a análise de textos. Um exemplo é a música Asa Branca, de Luís Gonzaga, através da qual o professor pode trabalhar a gramática, comentar a literatura de cordel, falar sobre a seca e o êxodo rural, trabalhar matemática com os números de habitantes da região, falar sobre o clima, vegetação da Região Nordeste etc. Enfim, são textos que podem desencadear conteúdos de todas as disciplinas.

A SEPDQ também realiza todos os anos um concurso de textos teatrais com o tema Tirando a Droga de Cena, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Sob orientação dos professores, os alunos escrevem e enviam as produções para as CREs, que selecionam os textos. Os dez melhores são premiados e o primeiro lugar ganha a encenação de sua peça. Para Glória, o maior prêmio do concurso é a reflexão das pessoas dentro da escola.

Durante a Semana de Prevenção à Dependência Química, realizada no mês de julho, a SEPDQ esteve no Metrô Carioca, Rodoviária e Barcas do Rio de Janeiro, distribuindo folhetos para mais de 50 mil pessoas. Segundo o presidente da Secretaria, Francisco Borges, o retorno desse trabalho é muito bom, já que milhares de pessoas de comunidades, empresas e associações entram em contato para pedir mais material de divulgação, além de palestras para capacitação de líderes comunitários, religiosos e de empresas.

A informação é uma ferramenta importante na prevenção à Dependência Química

Droga: Qualquer substância natural ou sintética (feita em laboratório) que, em contato com o organismo, pode resultar em mudanças fisiológicas e/ou comportamentais.

Medicamento: Substância ou produto que se utiliza como remédio, somente com orientação médica.

Dependência Química: Considerada uma doença, caracteriza-se por um desejo incontrolável de consumir uma droga, apesar das conseqüências danosas serem evidentes.

Overdose: Dose altamente tóxica e, às vezes, mortal.

Crise de Abstinência: Um conjunto de sintomas que variam segundo o grau de intoxicação, desde tremores matinais, náuseas e irritabilidade até quadros com delírios e alucinações, decorrentes da interrupção do uso abusivo de uma droga.

Tolerância: É a necessidade que o indivíduo tem de usar doses cada vez maiores de uma determinada droga para tentar obter os mesmos efeitos que obtinha com doses menores.

Classificação das Drogas
1. Depressores: álcool, hipnóticos, sedativos, tranqüilizantes menores, alguns benzodiazepínicos, opiáceos ou narcóticos, inalantes e solventes.

2. Estimulantes: anorexígenos (moderadores de apetite), anfetaminas, cocaína, drogas neurolépticas e drogas antiesquizofrênicas que são eficazes no alívio dos sintomas de doença esquizofrênica.

3. Perturbadoras:
3.1. De origem natural: mescalina (do cacto mexicano), THC (da maconha), psilocibina (de certos cogumelos), lírio (trombeteira, zabumba ou saia branca).
3.2. De origem sintética: LSD-25, êxtase e anticolinérgicos.

Níveis de Prevenção
Primária: Deve intervir antes e consiste num conjunto de ações de caráter educativo, em face da perspectiva de consumo de drogas.

Secundária: Intervém quando é detectado um problema inicial de consumo de drogas, tentando evitar o agravamento.

Terciária: Intervém quando o problema de dependência química já está instalado e atua, antes, durante e após o tratamento, no intuito de reintegrar o indivíduo na sociedade e prevenir recaídas.

Fonte: Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química
Escola Municipal João Proença
Tel.: (0xx21) 2413-5625