Edição 31 - Ciências: Experiências de Física, Química e Geociências de dixar o cabelo em pé

Por Simone Azevedo e Kátia Machado

Para ensinar História do Brasil, muitos professores utilizam livros didáticos, quadro-negro e giz. Mas este método ainda faz alguns alunos adotarem a famosa “decoreba” para fixação dos fatos históricos. Foi pensando em mudar este quadro que a professora Áurea Regina de Miranda Goldophim resolveu dar vida à sua paixão pela História do nosso país. Alugou um sítio em Maria Paula, Niterói, e projetou uma sala de aula completamente diferente do convencional. Ao ar livre e sem livros ou cadernos, a professora recebe a visita de alunos e profissionais de Educação e lhes convida a fazer uma viagem no tempo, em que os cenários de época recontam cinco séculos de História.

Portugueses, índios, quilombolas, senhores-de-engenho e republicanos. É com a ajuda destes personagens que a viagem histórica, desde as naus de Cabral e Caminha à República de nossos tempos, está fazendo com que alunos dos Ensino Fundamental e Médio “mergulhem” numa sala de aula de História bem diferente. A fórmula encontrada por Áurea tem como objetivo possibilitar aos estudantes o aprendizado dos fatos de forma definitiva. “O Pero Vaz de Caminha que os alunos encontram no sítio vai ficar em suas memórias para o resto da vida. Eles nunca vão esquecê-lo porque vivem a simulação histórica junto com os personagens”, afirma.

Durante o passeio, coordenadores e monitores acompanham os alunos para situar o período histórico de cada encenação. A preocupação da equipe é fazer com que os estudantes tenham contato não só com as datas aprendidas nas escolas, mas também com o conteúdo de todo o período histórico. A monitora Vânia Azeredo, antes de conduzir os visitantes através das etapas do passeio, avisa-lhes: “Lembrem-se de que vocês estão voltando no tempo”.

Dividido em séculos, do XV ao XX, o sítio remonta, para os alunos, o Brasil indígena e seu descobrimento, a expedição de Martim Afonso de Souza, o ciclo do açúcar, a escravidão e o nascimento dos quilombos, o ciclo do café, o período monárquico e o fim da escravidão, com a assinatura da Lei Áurea. Para os estudantes do Ensino Médio, a viagem no tempo é mais abrangente. A república dos coronéis, a produção literária, os estudos de Oswaldo Cruz e o presidencialismo também são alguns dos temas abordados. Para Áurea Regina, esta parte da história é mais apropriada para alunos a partir da 5.ª série, pois propicia reflexões e críticas.

Planejar uma aula de História que agrade todos os alunos não é tarefa muito fácil. Mas, com criatividade, professores podem elaborar novas maneiras de ensinar fatos históricos. De qualquer modo, interatividade é a palavra de ordem para estimular a aprendizagem dos estudantes. O mais importante é “prender” a atenção da turma e fazer com que os fatos históricos não se dispersem na brincadeira.

O projeto desenvolvido no sítio em Maria Paula, Niterói, dispensa o uso de livros didáticos, lápis ou cadernos. O único “material” necessário é a atenção dos alunos. Neste caso, a criatividade fica por conta dos cenários de época, das falas rebuscadas dos personagens e da dedicação da professora Áurea Regina. E a gincana de perguntas e respostas sobre temas apresentados é a maneira encontrada pela idealizadora do projeto para medir a interatividade dos alunos.

Para os professores que desejarem criar uma aula diferente, há, porém, a possibilidade de não utilizarem uma área tão grande como a do sítio de Niterói. O sítio de cada professor pode ser materializado na montagem de uma peça teatral, em um passeio pelos museus da cidade, na confecção de objetos como cocares, bandeiras e no uso de pedaços de pau-brasil. A idéia é trazer para a sala de aula elementos que possam fazer com que os alunos viajem no tempo.
E, para aqueles que ainda não descobriram o imenso universo de recursos disponíveis para suplementar o ensino da nossa História, que completou 500 anos em março de 2000, sugerimos lugares e endereços eletrônicos que podem ser utilizados para quebrar a rotina das aulas restritas ao uso de quadro-negro e giz.

Século XV
Brasil Indígena e Seu Descobrimento

Num espírito de descontração e brincadeira, o personagem Pero Vaz de Caminha relata a chegada dos Portugueses ao Brasil, em 23 de abril de 1500. O objetivo de encontrar um caminho marítimo para as Índias, em busca de especiarias, e a importância do Tratado de Tordesilhas são enfatizadas durante a apresentação. Um dos pontos altos para os estudantes é o encontro com duas índias Guarás, que lhes explicam um pouco sobre os hábitos, costumes e crenças dos povos indígenas.

Século XVI
A expedição de Martim Afonso de Souza

Enquanto as duas índias revelam como funciona o escambo (troca) do pau-brasil por bugigangas portuguesas, o personagem Martim Afonso de Souza entra em cena para explicar o surgimento da Vila de São Vicente e o interesse em consolidar a presença portuguesa no Brasil. O assunto principal enfatizado pelo personagem é territorial, trata-se das 15 capitanias hereditárias: “Então, o rei dividiu este território, dando-me cinco capitanias, e três ao meu irmão Pero Lopez”. Começa aí o interesse pelo cultivo da cana-de-açúcar.


Século XVII

Ciclo do Açúcar

“Se os índios são rebeldes, que venham os negros!”. Um teatro de marionetes conta que, para dar continuidade à colonização, os portugueses precisavam de mão-de-obra. Como os índios mostravam-se preguiçosos, a solução foi trazer negros da África. Nesta etapa, os alunos passam a ter contato com a escravidão e o apogeu dos senhores-de-engenho, alcançado através da exploração do açúcar. A revolta dos negros e a criação dos quilombos, como sinônimo de nação e liberdade, também fazem parte deste ato, que ressalta a importância de Zumbi dos Palmares.


Século XVIII

Ciclo do Ouro e do Café

Ouro no chão, café na xícara. A exploração do ouro, as mudanças econômicas e sociais na colônia e as plantações de café são os destaques apresentados nesta parte do sítio. É aqui que os estudantes conhecem a casa-grande, a senzala e a capoeira, um jogo africano praticado pelos negros e utilizado como defesa nas lutas. Nesta parte do passeio, guloseimas, como bolo de fubá e aipim cozido são servidas aos alunos. De barriga cheia e olhos vidrados, os estudantes são convidados a participar de uma gincana de perguntas e respostas, na qual todos os fatos históricos são revistos.


Século XIX

Período Monárquico

A entrada no século XIX é conduzida por Castro Alves, poeta abolicionista que cantou a liberdade em seus versos. O personagem fornece aos alunos uma narrativa rica sobre a vinda da família real para o Brasil e sua importância no processo de emancipação do país e na transformação da cidade do Rio de Janeiro em sede do governo e da administração do império português. Outros fatos apresentados são a luta dos abolicionistas pelo fim da escravidão, a independência do Brasil, a assinatura da Lei Áurea, a proclamação da república e a produção cultural.


Século XX

República

Oswaldo Cruz, Tarsila do Amaral, Oswald de Souza, o Menino Maluquinho e um Presidente da República são os personagens da última cena do sítio. Procurando total interação com os alunos, atores lhes apresentam os fatos marcantes do século XX e elaboram perguntas que exigem senso crítico. As novas tendências culturais; o presidencialismo, de Marechal Deodoro da Fonseca a Fernando Henrique Cardoso; a Semana de Arte Moderna; a cultura dos anos 60 e 70; a luta pela cidadania com a campanha “Diretas Já” e o impeachment do ex-presidente Fernando Collor são assuntos que fazem os estudantes pensarem no passado, entenderem o presente e vislumbrarem o futuro.

www.geocities.com/Baja/Mesa/7068
Um site completo com 500 anos de História do Brasil

www.brasil.terravista.pt/Jempalu/2633/index.html
Um site com dicas sobre simpósios, listas de discussões e cursos sobre História

www.alternex.com.h/~solidario/rj.html
Um site com matérias sobre a cidade do Rio de Janeiro, de 1888 a 1969

www.nethistoria.com/index.html
Um site sobre a História das Américas

Museu Nacional da Quinta da Boa Vista
Quinta da Boa Vista, s/n.º – São Cristóvão – Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2568-1314

Museu da República
Rua do Catete, 153 – Catete – Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2285-6350

Espaço Cultural da Marinha
Av. Alfredo Agache, s/n.º – Centro – Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2261-6025 e 2216-6879

Museu Histórico Nacional
Praça Marechal Âncora, s/n.º – Praça XV – Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2240-2092

Museu do Índio
Rua das Palmeiras, 55 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2286-8899

Museu Imperial
Rua da Imperatriz, 220 - Centro – Petrópolis/RJ
Tel.: (24) 2237-8000

Prof.a Áurea Regina
Tel.: 2617-9209 e 2616-2016