Ceclândia: uma iniciativa pioneira

Educação para o trânsito não precisa, necessariamente, mais ser sinônimo de um conjunto de palestras enfadonhas em sala de aula, em meio aos obsoletos livros de Moral e Cívica. É o que comprova a iniciativa do Centro de Educação e Cultura (CEC), localizado na Barra da Tijuca.

Inaugurado há um ano, o CEC montou um programa interdisciplinar que inclui educação para o trânsito, mas a grande diferença em relação aos já existentes é que as aulas acontecem em uma minicidade, criada especialmente para receber os pequenos cidadãos.

Batizada de Ceclândia, a minicidade faz os alunos de 1ª à 4ª série do Ensino Fundamental vivenciarem os conteúdos que aprendem na sala de aula. Com 700 metros quadrados, a Ceclândia, projetada pelo arquiteto Adilson Fernandes, possui toda a infra-estrutura de uma cidade, com prefeitura, fórum, banco, supermercado, centro ecumênico, cabeleireiro, posto de gasolina, ruas asfaltadas e sinalização. Ali ocorrem as aulas de educação para o trânsito.

De acordo com a coordenadora do programa, Regina Benevides, em aulas de disciplina no tráfego, além de leis e regras de trânsito, são discutidos assuntos que estão na ordem do dia, como excesso de velocidade, ingestão de bebidas alcóolicas e desrespeito à sinalização. “Os alunos têm, também, aula de noções de cidadania. A proposta pedagógica maior é educar e construir cidadãos para um mundo melhor”, explica a professora, que hoje leciona em 16 turmas em que, semanalmente, há as aulas teóricas e, em seguida, prática no trânsito.

As crianças contam com carrinhos eletrônicos e manuais para circular nas ruas e simular situações do cotidiano do tráfego. Aprendem o significado das placas. Algumas vestem-se de guardas e, com as que representam os pedestres, ensaiam como devem se comportar diante dos sinais e põem em prática as regras estabelecidas pelo Código de Trânsito brasileiro vigente.

Segundo Regina, a idéia pode e deve ser seguida, inclusive por outras instituições de ensino. Apesar de reconhecer que a escola pública não possui a estrutura da Ceclândia, sugere que alunos e professores reproduzam o ambiente fora de sala de aula. “O trabalho pode perfeitamente ser adaptado a outra realidade. Basta ter um espaço físico e principalmente estimular a imaginação das crianças. As turmas podem confeccionar carros e placas com papelão, fazer maquetes de uma cidade e simular as situações do dia-a-dia de uma cidade. A própria Secretaria de Trânsito do Rio de Janeiro já faz esse trabalho nas escolas públicas e privadas, com sucesso. E não se pode esquecer que a Ceclândia foi construída com a ajuda de material reciclado que as crianças trouxeram de casa”, conta.

Satisfeito com o retorno do trabalho da Ceclândia, o supervisor pedagógico do CEC, Dirceu Castilho, afirma que as crianças acabam sendo multiplicadores de atitudes, quando chegam em casa e cobram dos pais atitudes corretas: “Ao final dos encontros, os alunos contam o que vêem de errado fora e dentro de casa e comentam que chamam a atenção dos pais, transmitindo-lhes as informações que aprenderam. Os pais aprendem muito com os filhos e isso para nós é gratificante. É o retorno de um trabalho árduo, cujo valor é inestimável e a conseqüência é a construção de um mundo mais humano e disciplinado ”, diz ela.

 

Educação para o Trânsito