A Educação é o que pode
mudar este país.

 

 

Ednaldo Carvalho



 




Os últimos acontecimentos nas áreas governamental e política a que os brasileiros têm assistido pelo noticiário têm deixado a sociedade estupefata diante da constatação de que o Brasil vem sendo assolado por atos de corrupção, desvios de verbas, prevaricação e mau uso do dinheiro público.

Hoje, convivemos com escândalos como o superfaturamento e o desvio de verbas nas obras do prédio do TRT de São Paulo. O juiz Nicolau passou a ser a figura mais conhecida da nação, mas por motivos que não o honram em nada.

Ontem, assistimos às denúncias da roubalheira em São Paulo que resultou na cassação de um deputado e dois vereadores, tendo ainda o prefeito se envolvido em sérias acusações. Vimos, também, os desmandos e as extorsões da máfia dos fiscais contra pequenos comerciantes, ambulantes e companhias de limpeza urbana.

Antes de ontem, amargamos o caso Marka, a truculência de Hildebrando, o escândalo dos precatórios, os anões do orçamento, a máfia da Previdência, o esquema PC, inúmeros prefeitos pelo Brasil afora acusados de desvios de verbas, contas de prefeituras não aprovadas. São tantos os escândalos, que poderíamos percorrer toda a nossa História pisando em lama.

Já no Brasil-Colônia, os atos de corrupção se manifestavam marcantemente. O primeiro sistema de arrecadação de impostos durante o Ciclo do Ouro, "o Quinto", obrigava o pagamento à metrópole de um quinto do ouro extraído. Mas sua ineficácia fazia com que muitos não o pagassem. O contrabando e a sonegação no Brasil estavam institucionalizados! Procurando controlar melhor o ouro e fazer valer a cobrança do tal tributo, a coroa criou "As Casas de Fundição", determinando que o ouro explorado fosse fundido em barras e marcado com o selo real. A medida não impediu os desvios. Surgiu, então, a figura dos "Santos de Pau Oco", "jeitinho" que os brasileiros da época criaram para continuarem contrabandeando o metal precioso. Imaginem: funcionários da Coroa, religiosos, escravos e todos os que se envolviam com o ofício escondiam ouro em pó em imagens de santos feitos de madeira oca.

 

Qualquer semelhança com os nossos dias não é mera coincidência. Afinal, o "jeitinho brasileiro" de hoje é uma herança cultural do nosso processo de colonização.

No início da República, deparamo-nos com uma política econômica denominada Encilhamento. O termo foi retirado da gíria do turfe. Encilhamento era o local onde se selavam os cavalos de corrida, antes dos páreos. Esta política, vigente de 1889 a 1892, por obra de Ruy Barbosa quando Ministro da Fazenda, já mostrava o layout de como seria inconstante e repleta de aventuras a História da República que, dois anos após sua proclamação, já se afigurava corrompida em decorrência da estratégia de facilitar o crédito e dar liberdade aos bancos para emissão de moeda e papéis para a criação de novas empresas agrícolas ou industriais. Os resultados foram frustrantes. Além de não serem criadas as tais empresas, o dinheiro do tesouro serviu para a instalação de companhias dedicadas sobretudo à exploração de valores das ações, provocando um desenfreado movimento na Bolsa e uma especulação febril de compra e venda de ações que acarretou inflação descontrolada.

Iniciávamos o período republicano movidos pelo senso de oportunismo, dinheiro fácil, políticas públicas equivocadas, e, também, pelos desvios de verba destinada ao erário com objetivos outros que não o interesse público.

Após essa breve caminhada pelo lado patológico e sindromático da nossa História, chegamos à conclusão de que somente a transformação da consciência do indivíduo e a renovação da mentalidade do povo poderá restaurar a nação brasileira, hoje afetada pela decomposição da cultura dos bons costumes.

Indubitavelmente, a Educação se constitui no grande instrumento de tais transformações. Surpreendentemente - os professores constatam isso - encontra-se, em abundância, entre nossas crianças, um real senso de ética e dignidade. Isto aumenta, ainda mais, a responsabilidade da nação em empreender um esforço maior para que as estratégias educacionais adotadas alcancem esta nova geração ainda preservada e cultivadora dos valores necessários para formar uma sociedade mais consciente e convencida de que a desonestidade e a corrupção só empobrecem a todos e inibem o desenvolvimento do País.

Ednaldo Carvalho
Editor

 

Editorial Appai