Alunos discutem o futuro dos recursos hídricos na natureza

Por Antônia Lúcia

Há dois anos, um dos mais importantes temas deste século – a preservação da água no planeta – tem sido alvo de pesquisa e discussão entre os alunos do 1.º segmento do Ensino Fundamental da Escola Municipal Pires e Albuquerque, localizada em Vaz Lobo. A proposta da orientadora do projeto, professora Márcia Cristina Neves Reis, é que os alunos estejam conscientes da importância desse bem vital para a saúde – do homem, da fauna e da flora – e, a partir dessa nova visão, comecem a promover ações que venham cooperar para a redução da escassez de água no mundo.

“É do conhecimento de todos que se faz necessário criar uma consciência coletiva para a problemática da preservação da água no planeta. E, como educadores, desejamos que esse anseio seja incutido, o mais cedo possível, para que as crianças tornem-se multiplicadores dos conhecimentos adquiridos na escola”, adverte Márcia, lembrando que “escassez” foi o tema mundial da água celebrado em março desse ano.

Por se tratar de uma turma cuja faixa etária varia entre 7 e 12 anos, Márcia iniciou o projeto com uma conversa sobre a vida dos animais aquáticos e seu habitat natural. Para que os alunos tivessem uma visão mais ampla sobre biodiversidade e corrente marinha, a professora exibiu o vídeo “Procurando Nemo”, e contou a história de uma sementinha e de suas necessidades básicas de água e luz (calor) para germinar. No decorrer das aulas, a professora solicitou às crianças que desenhassem essas espécies, escrevessem sobre o que haviam aprendido e fizessem montagens, usando a técnica de origami.

Para explicar o ciclo da água e seus estados – sólido, líquido e gasoso – a professora contou a história, retirada de um livro didático, que aborda, de forma simples e acessível, esse fenômeno da natureza. “Durante a aula, usei um recurso bem conhecido das crianças para que elas pudessem entender as mudanças dos estados físicos da água. Com uma panela com água fervente e uma garrafinha com água congelada, mostrei as passagens dos estados da água e aproveitei para falar, também, sobre as geleiras e a era glacial. No final, exibi o filme A Era do Gelo e pedi que eles fizessem colagens de papel crepom, mostrando as fases do ciclo da água”, relata a educadora.

Com o propósito de ajudá-los a descobrir a importância da preservação da água para o Meio Ambiente e para o próprio sistema biológico, a professora Márcia levou para a sala figuras e textos que retratavam a questão da poluição dos rios, das nascentes e das águas em geral. “Procurei explorar assuntos ligados ao dia-a-dia deles. Falei sobre os motivos pelos quais devemos economizar água e preservar os mananciais. Li histórias bíblicas e lendas brasileiras cujos cenários são ambientes aquáticos. Fiz uma narrativa sobre as lendas do Boto e da Iara e, em seguida, pedi a eles (os alunos) que criassem um texto coletivo”. Segundo ela, o resultado foi uma divertida história em que o Boto e a Iara se encontram e se encantam um pelo outro.

Na turma da 3.ª série, o projeto teve início com uma aula expositiva, mostrando os percentuais de água no planeta e os níveis de água potável disponível na terra. Depois de aprenderem, por exemplo, que cerca de 70% da superfície da terra, ou seja, quase 2/3 do planeta são cobertos de água, mas que a maior parte dessa de água é imprópria para consumo, os alunos receberam a tarefa de falar sobre os perigos provenientes das águas limpas e paradas.

Vital para o processo evolutivo das espécies, a água, se não tratada, pode transformar-se em uma grande aliada à destruição do homem, sobretudo, com a chegada do verão. Ciente dessa realidade, a professora reuniu seus alunos e estimulou-os a discutir os danos causados pela água parada e, conseqüentemente, os cuidados que devem ser tomados para que não ocorra a proliferação do Aedes Aegypt – mosquito causador da dengue – em suas residências e comunidades.

“Como parte do trabalho, pedi que entrevistassem pessoas de suas famílias e amigos para saber se conheciam os sintomas da doença e também as medidas necessárias para evitar a propagação do mosquito”, destaca Márcia, acrescentando que, após a conclusão dessa atividade, os aprendizes resolveram iniciar uma campanha contra a dengue, com direito, inclusive, à confecção de cartazes.

Ao ser entrevistada pelo aluno Yan, a vendedora Simone citou alguns dos sintomas da dengue, como: febre, dor de cabeça e dor no corpo. Já o pedreiro Adelino, entrevistado por Isaac, lembrou que pneus velhos são uns dos lugares preferidos do mosquito da dengue. Por isso, eles devem ser furados ou guardados em lugar coberto. A cozinheira Márcia Cristina, ouvida pela aluna Thayza, também deu mais algumas dicas: devemos colocar areia nos vasos de plantas, tampar lixos, vasos e caixas d`água.

O que vocês entenderam sobre o ciclo da água na natureza? Com essa pergunta e um gravador na mão, pronta para gravar as respostas dos alunos da turma 303, Márcia deu início à etapa final do projeto. Divididas em grupos, as crianças montaram equipes de reportagens com o intuito de entrevistar os professores e funcionários da escola. A pauta escolhida foi a seguinte: O que devemos fazer para que não venha a faltar água potável no Planeta? Em sua resposta, a professora Lílian enfatizou que devemos economizar nas situações básicas do dia-a-dia como, por exemplo, escovar os dentes, tomar banho e lavar louça. Já a professora Glória afirma que, se cuidarmos de nossos rios e evitarmos a poluição e o desmatamento, com certeza, teremos um planeta com melhor qualidade de vida.

Na opinião da educadora, os trabalhos realizados durante o desenvolvimento do projeto serviram não só para conscientizar as crianças sobre a importância de se preservar a água no uso diário, mas, também, para mostrar a eles o ciclo da água na natureza e os seus estados físicos. “O projeto foi muito bem aproveitado. Hoje, eles já sabem o que é e para que serve uma estação de tratamento da água e, sobretudo, estão aptos a disseminar, em suas casas, os cuidados que devem ser tomados para evitar a dengue”, ressalta Márcia, acrescentando que as crianças das classes envolvidas são, hoje, agentes multiplicadores entre a comunidade escolar e seus familiares.


Escola Municipal Pires e Albuquerque
End.: Rua Caiabu, 98 – Vaz Lobo – Rio de Janeiro/RJ. CEP.: 21361-230.
Diretor: Nélio Pinguelli Totino
Coordenadora Pedagógica: Glória Maria M. P. de Mello
Tel.: (21) 3391-0372 – Fax: 3391-0372
Ilustração: Patricia Rocha

O projeto culminou com a criação do blog www.pires2006.turma303.zip.net, no qual estão publicados os textos e as intrevistas realizadas pelos alunos