Uma viagem na história


Projeto une arte e biologia e faz com que alunos descubram mais sobre o surgimento e evolução da vida no planeta

A vida na Terra surgiu há bilhões de anos e, desde então, restos de animais e vegetais ou indícios da sua presença ficaram preservados nas rochas. Estes sinais são denominados fósseis e constituem o objeto de estudo da Paleontologia. Sabendo de sua importância, a professora de Biologia e doutora em Geologia Sarah Gonçalves Duarte criou o projeto Uma viagem na história da vida com arte e biologia, que foi desenvolvido com os alunos do Colégio Estadual Professora Diuma Madeira Salles de Souza, localizado em Parque Anchieta, Zona Norte do Rio.

A docente conta que sempre teve vontade de realizar uma atividade em que pudesse relacionar o conteúdo ensinado em suas turmas do Ensino Médio com o que aprendeu durante o seu mestrado e doutorado. “Até que um dia, enquanto ensinava os conteúdos do currículo mínimo que abordavam teorias sobre a origem da vida e sobre evolução, pensei: a paleontologia é uma das principais evidências de que a evolução dos seres vivos aconteceu. Seria ótimo mostrar fósseis e falar sobre ela”, lembra Sarah.

No dia seguinte, ela estava conversando com a sua tia Marina Barbosa Gonçalves, que, além de cursar graduação em licenciatura de artes, é professora do Ensino Fundamental e trabalha com alunos especiais na prefeitura de Itaguaí. “Sugeri que nós duas fizéssemos réplicas de organismos pré-históricos com os alunos em uma sequência evolutiva no tempo geológico. Ela adorou a ideia e aceitou o convite”, conta Sarah.

Conforme a atividade foi amadurecendo, a educadora lembrou também de um amigo que conheceu na Índia enquanto fazia doutorado, o cientista paleontólogo Dr. Shuhai Xiao, professor de Geobiologia do Departamento de Geociências da Virginia Tech. “Ele é o maior especialista no estudo de duas faunas importantíssimas para a Paleontologia, a Fauna de Ediacara e a presente no Folhelho Burgess, que são registros de fósseis de organismos extintos e de morfologias estranhas, que viveram há mais de 500 milhões de anos atrás, encontradas pela primeira vez na Austrália e no Canadá respectivamente. Daí a ideia de produzir com os alunos réplicas desses organismos já extintos e praticamente desconhecidos”, explica.

De acordo com a professora, a estratégia de usar pinturas, esculturas e réplicas de fósseis para ensinar os conteúdos de evolução do universo e da vida se justifica por ter o objetivo de dar importância à disciplina de artes. “Com este projeto, fica demonstrado que é possível criar um meio de promover a interdisciplinaridade entre biologia e artes para que o aprendizado dos conteúdos aconteça de forma prazerosa e lúdica, podendo inclusive estimular a cooperação entre professores de diferentes áreas do saber. As atividades interdisciplinares em sala de aula estimulam o trabalho em grupo, que é algo extremamente importante de se implantar na escola para uma melhor inserção de jovens no mercado de trabalho e no mundo moderno.”, garante.

O surgimento do universo e a evolução da vida na Terra estiveram entre os temas trabalhados, que também foram contextualizados com os conteúdos do primeiro bimestre propostos pelo currículo mínimo, disponibilizado pela Secretaria Estadual de Educação (Seeduc-RJ) para o primeiro ano do Ensino Médio. Posteriormente, foram planejadas oficinas para que os alunos pudessem expressar em suas obras os conhecimentos adquiridos com as aulas teóricas.

Além disso, foram construídas esculturas e réplicas em uma sequência de surgimento no tempo geológico para que o estudante compreendesse a evolução a partir dos mais simples para os mais complexos. Após o aprendizado das técnicas, foram marcadas três oficinas, que ocorreram durante as aulas de biologia com os alunos.

Depois das pinturas e esculturas finalizadas, foi solicitado à direção e à coordenação um espaço na unidade escolar para a exposição de tudo o que foi produzido pelos alunos e de outros materiais da coleção pessoal da professora, incluindo doações obtidas de universidades e instituições científicas (minerais, rochas, fósseis etc.).

A exposição foi montada e os alunos ensaiados para a apresentação. Cada grupo falou de uma era do tempo geológico, desde o surgimento do universo e do planeta Terra até o aparecimento dos seres vivos, abordando os organismos que existiram em cada era. “Os alunos aprenderam os conteúdos e perceberam a sequência da evolução da vida e o que aconteceu no decorrer de milhões de anos”, afirma Sarah.

A professora de Língua Portuguesa Adriana Zanella relata que as atividades desenvolvidas no projeto contribuíram para a elevação da qualidade do ensino interdisciplinar. “Os resultados obtidos foram notados e contagiaram todo o colégio no interesse pelo assunto e a consequente visitação à exposição por toda a escola. De fato, foi uma contribuição muito valiosa o trabalho que desenvolveu com a turma 1.007 para a unidade escolar. A participação dos alunos e seu interesse mostraram isso. Meu muitíssimo obrigada por mais esse aprendizado. Que aconteçam outros!”, finaliza.


Colégio Estadual Professora Diuma Madeira Salles de Souza
CEP: 21635-140
Tel.: (21) 2333-6225
Fotos cedidas pela professora

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