“Urubu tem asas” e “Aventuras cariocas” | Curtas são usados para ajudar na valorização do ecossistema brasileiro


O Rio de Janeiro vive um momento de ampliação urbana e econômica que vem gerando impactos sobre os fragmentos florestais que restaram na cidade. Reconhecer os benefícios e as possibilidades de uso sustentável desses ambientes é fundamental para a sua valorização e preservação, segundo o professor André Ribeiro, de Geografia, que por isso, em parceria com a coordenadora pedagógica Marleyde Fernando, da Escola Municipal Dom Pedro I, decidiu realizar o projeto Ecossistemas da cidade do Rio de Janeiro: conhecer para valorizar.

“Muito se fala na preservação da Mata Atlântica, mas é comum desassociarmos os locais de mangue e restinga como pertencentes a este ecossistema. A falta de conhecimento dessa realidade impede a compreensão sobre a importância econômica desses ambientes”, justifica André, que solicitou à coordenadora o trabalho de campo para complementar as aulas teóricas.

O tema contemplava os conteúdos trabalhados com os alunos do 6º ano, principalmente em relação à interação relevo, solo e vegetação, matéria presente nas disciplinas de Ciências e Geografia. Dois professores desta última, Maria Augusta Gonçalves e Alex Rocha, participaram do projeto falando sobre as rochas.

A preparação para o passeio pedagógico foi sendo trabalhada desde o terceiro bimestre. Para começar a atividade, os alunos participaram de aulas expositivas através de imagens de mapas e satélites da cidade, observaram fotos dos ecossistemas de mangue e restinga, acompanharam aulas no laboratório de Ciências da escola sobre rochas e minerais, e assistiram ao curta “Urubu tem Asas”, dos diretores André Rangel e Marcos Negrão, e a série “Aventuras cariocas”, com os episódios: mangue, restinga e floresta, produzida pela MultiRio.

A coordenadora pedagógica ressalta que os alunos foram incentivados a enxergar o passeio pedagógico como aula, o que foi fundamental para que vivenciassem a questão com seriedade e tivessem um bom aproveitamento.

O passeio permitiu que os alunos conhecessem as características dos ecossistemas de mangue e restinga. Para isso houve dois momentos: o primeiro deles foi na Reserva Biológica Estadual de Guaratiba. Neste ponto foram utilizados um mapa e uma imagem aérea da cidade para observar a localização da escola, do manguezal e do trajeto percorrido. Após esse momento as turmas visitaram o local, percorrendo uma pequena trilha que permitiu uma boa observação do ambiente.

O segundo ponto foi o Parque Natural Municipal Chico Mendes, no Recreio dos Bandeirantes, onde há um dos poucos fragmentos de vegetação de restinga que restou nessa região. Foi realizada uma pequena caminhada com o objetivo de os alunos avaliarem e sentirem os fatores bióticos e abióticos que compõem o ambiente de restinga. Um momento que chamou bastante a atenção do grupo foi a visitação ao viveiro onde havia muitos jacarés.

Segundo André, a aula passeio foi uma oportunidade rara, que serviu para discutir sobre a importância de nossas atitudes individuais para a preservação do ambiente que nos cerca, além de propiciar a experiência de conhecer um dos poucos fragmentos de restinga e mangue que sobraram na cidade. Eles reconheceram a possibilidade de uso sustentável e econômico do ecossistema para várias atividades, como alimentação, paisagismo, turismo e recursos medicinais.

Outro aspecto que chamou muito atenção dos alunos foi o momento histórico de crescimento urbano, com a construção de túneis e a ampliação de vias para a realização dos eventos esportivos que acontecerão no Rio de Janeiro, o que permitiu a reflexão sobre os impactos ambientais que poderão ocorrer.

O pequeno Manoel, que teve oportunidade de entrar no mangue, compreendeu a importância de se cuidar do meio ambiente: “Observei as características do local. Gostei mais do manguezal, onde entrei, peguei conchas e vi vários tipos de mangue, vermelho, branco e preto. Foi a chance de ter uma aula em campo, mas vimos também latinhas de guaraná e sacos de biscoito”, afirma.

Para Maryleide, é sempre uma recompensa ver os estudantes se desenvolvendo a partir do concreto: “Vibramos com as crianças e professores sujos de lama. A aprendizagem fica mais significativa quando o próprio aluno coloca a mão na massa. Eles voltaram animados, querendo mais e mostrando que aprenderam. Estão se reconhecendo nesse meio e é preciso valorizar a sua descoberta. O que os olhos veem fica na memória. Essa prática permite que eles saibam que não é só no Pantanal que existem jacarés, e que o conhecimento científico, associado com o real, faz com que as coisas ganhem outro significado.


Por: Claudia Sanches
Escola Municipal Dom Pedro I
Pça. Soldado Geraldo Cruz, 50 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro/RJ
CEP: 22620-230
Tel.: (21) 2484-6095
E-mail: emdpedro@rioeduca.net
Direção: Helson Patury e Souza

Fotos cedidas pela escola


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