O poder da Matemática


A utilização de jogos na educação matemática

Ana Paula Pereira é professora de Geografia na Escola Municipal Prefeito Abeilard Goulart de Souza. Mas, apesar de sua formação, atualmente o seu maior desafio é mostrar que a Matemática não é um bicho-papão ou “coisa para gênios”, mas sim uma ferramenta presente no pensamento científico e nas coisas mais básicas do dia a dia. Uma das coordenadoras da I Feira de Matemática do colégio, Ana se empolga ao falar do trabalho. Para ela, o projeto fez muito sucesso com a clientela por mostrar a disciplina de forma interdisciplinar através de jogos. Essas atividades abrem a cabeça dos alunos para posturas fundamentais à aprendizagem de qualquer conteúdo. O objetivo é despertar a curiosidade e o interesse para a disciplina através das competições.

“Temos que desmistificar que não se trata de um saber para poucos. É uma ciência fundamental para desenvolver concentração, organização e união, além de ser uma habilidade aprendida. Em um sinal de trânsito, como em tabuleiros de dama ou trilha, precisamos de qualidades como atenção, raciocínio para traçar as estratégias ou tomar decisões. Posturas que eles vão levar para suas vidas quando precisarem fazer escolhas mais complexas”, justifica.

Segundo a diretora do colégio, Marina Belo, a “feira” é um facilitador porque os estudantes buscam alternativas para resolver questões de sala ou do seu cotidiano. Cada turma trabalhou a disciplina aplicada aos jogos e tarefas: “Eles trouxeram a realidade para a escola e perceberam sentido àquelas teorias”, diz Marina.

O projeto surgiu a partir do programa Mente Inovadora, iniciativa da prefeitura, que capacitou os educadores para trabalhar a matéria nas escolas de Itaguaí. A resposta da garotada foi tão positiva que Marisa Belo decidiu realizar o evento a pedido das turmas. “Os estudantes começaram a trazer experiências de fora de sala e começamos a resgatar as situações para ajudar no ensino do conteúdo”, conta

A I Feira rendeu grandes surpresas para docentes e estudantes, como a apresentação da peça “O homem que calculava”, baseada no livro homônimo do escritor Malba Tahan. A autora conta a história de uma soma que parece impossível, prova de que o conhecimento não tem fronteira, já que invadiu a literatura e as artes cênicas. Os alunos concluíram que números e criatividade podem andar de mãos dadas.

Na pré-escola os docentes exploraram formas geométricas, jogo de amarelinha e atividades a partir da canção “A galinha Magricela”. A professora Eliane Araújo, do 1º ano, explorou jogos de trilha, as pipas e o tangran. “As crianças se identificam muito com as formas”, diz Eliane.

Nas turmas de 3º ano o objetivo era trabalhar a noção de peso e o sistema monetário. Para isso foi criada a “Ferinha do Abeilard”, que tornou a aprendizagem do conteúdo mais prazerosa e fácil. A pequena Carol interagia com os visitantes, vendendo frutas, calculando o troco. “Trabalhamos as situações que eles mais vivenciam na hora de ajudar as mães a fazer compras no mercado, no sacolão. Eles gostaram muito da experiência”, garante a professora Ana Carla.

“Somando forças, subtraímos fraquezas; multiplicamos forças, dividimos resultados”

Números e saúde

Em Saúde e Matemática as crianças do 5º ano trabalharam as fórmulas do Índice de Massa Corporal, o IMC. João Pedro explicava o seu conceito e colhia os dados dos visitantes, enquanto Matheus fazia os cálculos para ver se as medidas estavam dentro dos padrões considerados normais. Tamires mostrava os números da pirâmide alimentar, fazendo conexão das ciências exatas com as biológicas: “Nunca iria imaginar que alimentação tinha a ver com Matemática”, revela Rayan. Para conclusão do trabalho os estudantes apresentaram um vídeo, a TV Abeilard, com o programa “Matemática é saúde”, que falou sobre a importância da atividade física e da alimentação equilibrada, além de sobrepeso, obesidade e doenças afins: “A Matemática é essencial à vida”, concluiu a aluna Islene.

O também professor da matéria, Francisco de Assis, e as equipes do 9º ano simularam métodos científicos e realizaram experiências transformando energia mecânica em elétrica e simulando geração de energia eólica. “É uma forma de propor uma educação científica e de desenvolver o raciocínio lógico, que passa por todo um processo da descoberta”, lembra o docente.

Jogos e raciocínio lógico

Para desenvolver cálculos mentais e tabuada o 7º ano organizou competições em dupla para os visitantes. Os participantes que respondiam mais rápido a provocação ganhavam um prêmio. Para explorar expressões numéricas, conteúdo que introduz a equação, os alunos desenvolveram jogos para trabalhar números positivos e negativos que facilitavam a assimilação da matéria. O Xadrez Interativo também chamou atenção: os participantes eram as próprias peças num tabuleiro gigante. O jovem Thiago explicou um pouco sobre a história e a lógica do antigo jogo e falou sobre as estratégias e necessidade de atenção para mover as peças. O boliche da equação, com os números embaixo das peças, tinha o objetivo de fixar conceitos de incógnitas e algarismos negativos. Na disputa, os alunos derrubavam as peças, olhavam os cálculos, e quem resolvia as expressões de forma mais rápida era o vencedor da partida.

No Jogo dos desafios a equipe do 7º ano convidava as pessoas a realizar diferentes tipos de cálculos para uma mesma questão de multiplicação. “Percebemos os vários tipos de raciocínios e formas de se chegar às respostas, e todos são valorizados. Os participantes ficam estimulados a pensar e, como é uma “brincadeira”, todos pensam juntos e não sentem vergonha de participar e errar as respostas. São várias cabeças pensando juntas, o que enriquece o processo de aprendizagem e cria uma vontade de querer entender o funcionamento dos cálculos”, acredita Francisco. O professor Márcio Inácio, do 5º ano, lembra que os jogos também ajudam na socialização e é possível levar o espírito de competição para o lado positivo: “Os desafios estimulam a união, já que os objetivos são compartilhados”. A atitude de Lucas, do 4º ano, reflete esse espírito de conduta durante o jogo de dominó: “É muito importante a concentração na hora das jogadas. Quando o amigo perder não devemos rir ou debochar, mas sim parabenizar pela sua participação”, finaliza.


Por: Cláudia Sanches
Escola Municipal Prefeito Abeilard Goulart de Souza
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Direção: Marisa Belo
Fotos: Tony Carvalho

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