Brincando e aprendendo


Gincana promove integração e desperta o interesse dos alunos pelos conteúdos pedagógicos

Uma escola que aprendeu a superar suas dificuldades, valorizar os alunos e descobrir seus talentos. Através do projeto Gincana Cultural, realizado no Colégio Estadual Professor Portugal Neves, localizado na periferia de Duque de Caxias, educadores conseguiram transformações importantes no comportamento da garotada dos ensinos Fundamental e Médio. Esse ano, com a 13ª edição do tema “Não somos perfeitos… mas podemos ser os melhores”, eles estão colhendo frutos de treze anos de trabalho e colecionam algumas conquistas.

A diretora Kátia Mendonça e a professora de História Maria Luiza Setimi, mentora do projeto, se viram diante de um desafio: criar uma atividade para fortalecer a autoestima daqueles alunos, tidos como “jovens de comportamento difícil” em outros colégios do bairro, e modificar esse quadro. “Como é a única escola do entorno da comunidade, a falta de perspectiva da clientela não era muito grande. Não me satisfazia saber que esses alunos estudavam por obrigatoriedade ou por causa da bolsa família. Acredito que não se consegue nada na vida sem organização e educação e fui movida por esse desafio”, explica Maria Luiza.

Partindo do princípio de que a Educação tem que preparar o aluno para a vida lá fora, a diretora investiu em diálogos com as turmas. “Comecei a dizer que eles eram os melhores de Imbariê. Depois afirmei que eram os melhores do município, e agora são os melhores do Estado, quando ganharam a competição “Olimpíadas dos jogos eletrônicos do Rio de Janeiro”, em 2010. Gosto que eles comam de garfo e faca, pois devem honrar o uniforme com o nome da escola”, diz a rigorosa diretora.

Nesse mesmo ano o aluno Luiz Alberto Rocha também se destacou. Ele ficou no 164º lugar nas Olimpíadas de Matemática, disputando com aproximadamente 30 mil participantes. O estudante ganhou uma bolsa de iniciação científica e sonha com um futuro diferente, já que é referência para as turmas. “Mostro essas vitórias todos os dias para eles”, diz Kátia.

Nesse evento educadores se basearam na busca da criatividade, nos dons artísticos, na realidade da comunidade escolar e no respeito mútuo. “Para se qualificar para o mercado de trabalho é preciso ser bem educado, saber se cumprimentar. Eles têm que estar preparados. A vida é uma competição e devemos saber chegar num lugar com uma postura adequada, dizer bom-dia, obrigada. Você vai ser recebido dependendo da forma como chega e se comporta. Estamos preparando essa garotada para essa grande competição que é a vida”, ressalta Maria Luiza.

Na culminância, no dia da gincana, a comunidade ficou surpresa com a apresentação. Cada turma representou uma equipe identificada por cores. Eles mostraram tudo o que sabiam fazer de melhor, com performances e repertórios bem variados. Alguns grupos dançaram hip-hop, enquanto outros tocaram percussão, cantaram música gospel, jogaram capoeira, além de promoverem interpretações e paródias de personagens famosos.

Experiências como essas dão um “gás” para os educadores. Raquel Baldner, professora de Educação Física, uma das juradas, acredita que os estudantes se empenharam bastante no cumprimento das tarefas e teve muitas surpresas durante a apresentação: “Fiquei encantada com a Mila, do 6º ano, que demonstrava muitas dificuldades de comportamento. Aqui na gincana ela fez as pessoas chorarem com sua música gospel. Isso me leva a acreditar que precisamos investir, não devemos desistir nunca dos alunos, independente do rendimento escolar e do comportamento que eles apresentem”.

Daniela Millan, de Língua Portuguesa, aproveitou para trabalhar as atividades extracurriculares em sala de aula. “Podemos explorar paródias, como a que eles realizaram; o soletrando, que fixa ortografia, além dos gritos de guerra, que também devem ter um propósito, e um texto, que produzimos com os estudantes”. Maria Luiza garante que a garotada se expressa sem preocupação com o julgamento alheio: “Não admitimos deboches e risinhos e todos se apresentam com muito ‘profissionalismo’. Aqui todos já são vencedores”, finaliza.


Por: Cláudia Sanches
Colégio Estadual Professor Portugal Neves
Rua M, s/nº – Vila Ema – Imbariê – Duque de Caxias/RJ
CEP: 25247-020
Tel.: (21) 2787-4417
E-mail: portugalneves@yahoo.com.br
Fotos: Marcelo Ávila

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