Criar é ler o mundo com os olhos de criança


Quem tem filhos pequenos ouve constantemente a expressão, nos momentos em que brincam, “de novo, de novo, de novo!”. Elas adoram brinquedos, pois com eles vivem a possibilidade mágica da criação, a exploração de possibilidades, podem testar experiências e montar novos cenários.

Não brincamos somente com brinquedos. Uma das atividades humanas mais prazerosas se dá com a própria imaginação. Com a leitura, o cérebro e o corpo como um todo também são ativados, afinal de contas, ao ouvir enredos, ao entrar em contato com aventuras, ao explorar os mais diversos sentimentos e sensações, aquilo que se lê vai tomando forma dentro de nós, colorindo nossa alma e nos trazendo vida. António Damásio, um dos mais importantes neurocientistas da atualidade, no livro “E o cérebro criou o homem”, aponta que o cérebro processa a realidade por meio de imagens.

Um dado interessante é que nossa mente funciona mais ou menos como uma biblioteca: tudo que vivemos de forma intensa e significativa se torna como um livro interno dentro de nosso acervo mental. A cada dia, com as experiências da vida, com as brincadeiras e as leituras, formamos um grande patrimônio neurológico, e daí vem a expressão “ter uma mente fértil”. Nos momentos em que queremos ou precisamos criar, é a esse acervo que recorremos e é por isso que há um consenso na literatura científica sobre a importância do ato de brincar e ler para a saúde e até mesmo para a felicidade. Isso vale para a infância, bem como para a maturidade.

Uma dica interessante que pode tornar nossa vida mais agradável e até mais produtiva é, antes de iniciar uma tarefa muito trabalhosa ou estressante, ou até no começo da manhã, entrar em contato com essa criança interior e lembrar alguma brincadeira, ler algum conteúdo leve e agradável ou inspirador. Claro que nada disso se compararia a tirar uns minutinhos de manhã para brincar com os filhos em casa, não somente como um gesto de carinho, mas sim para alimentar nossa própria porção infantil e assim sair de casa com o coração mais aquecido e a mente mais aberta ao novo, ao lúdico, à criatividade.

Você pode exercitar sua criatividade de diversas formas: dando uma caminhada para casa por novas ruas, fazendo desenhos (sim, podem ser rabiscos), ouvindo músicas novas, observando crianças brincando, lendo livros a que não está acostumado, reorganizando suas roupas ou mesmo usando novos trajes ou looks no dia a dia. Nada disso é perda de tempo. É ganho de vida.


Leo Fraiman é Professor, Mestre e especialista em Educação, Psicoterapeuta, Escritor e Palestrante. Além de consultor de conteúdos em portais, rádios, revistas e programas televisivos.

*Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.


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